A cultura quando
tomamos para uso a definição do antropólogo Edward Tylor nos remete a conceitos
dentre outros como a arte, a moral e os costumes que o homem natural adquire
enquanto membro da sociedade. A cultura por sua própria essência social é
variável, empírica e com o tempo, sobretudo eu arrisco em dizer no ocidente
sofre mudanças ao longo da história.
E é exatamente quando
tal situação torna-se realidade nos saltam aos olhos o antagonismo dos modelos
de financiamento de ambas, pois enquanto uma é custeada por seus próprios
participantes ainda que com a ajuda minoritária de pequenos parceiros
geralmente do comércio e não tem fins lucrativos sendo autossustentável, a
outra é carecedora de financiamento em larga escala, não se mantém geralmente, sejam
por grandes empresas interessadas em veicular suas marcas ou quase sempre pela “viúva”,
nossos cofres públicos, além de ter fins lucrativos.
O financiamento a
cultura pode ser obtido pelo canal público ou privado como aqui já mencionado.
Mas eis que me vem à cabeça uma pergunta: é possível se dissociar a cultura
popular das ações de inclusão e promoção social?
Façamos uso então do período
que se aproxima com o mês de junho para que eu tente responder a essa pergunta
(segundo a minha visão é claro). O Brasil herdou dos colonizadores europeus a celebração
inicialmente pagã e depois cristianizada ainda na idade média do solstício de
verão (aqui o de inverno) que deu origem então a festa de São João.
Já a quadrilha dançada
com muita beleza e sincronia pelo País afora (sobretudo na região nordeste) é “neta
da Inglaterra e filha da França” além de “casada” posteriormente com os passos
regionais brasileiros. Curiosamente a quadrilha iniciou sua trajetória entre
nós por um modismo da elite luso-brasileira do século XIX e acabou se
entranhando fortemente e vem sendo mantida viva pelas camadas sociais menos
favorecidas economicamente.
Voltando então a
questão formulada, existe na federação um rosário de leis de incentivo a
cultura, fundos governamentais a exemplo do FAC aqui do DF, fundações privadas,
mecenatos etc. que destinam recursos para as atividades de cunho cultural.
A priorização, os
volumes financeiros a ser destinado aos projetos escolhidos obedecem geralmente
a uma equação lógica entre o total disponível em caixa, o segmento cultural, a tradicionalidade,
a viabilidade econômica e principalmente o apelo popular ou público a ser
alcançado.
Mas quando se trata de um
evento folclórico brasileiro, uma comunidade relativamente carente deve ter membros
seus remunerados profissionalmente por um financiamento público, por exemplo,
ou dentro de um projeto cultural-social público-privado se deve investir
durante todo o ano em: aulas de dança, aulas de música, aulas de canto,
manufatura de vestuários, história do folclore brasileiro através de palestras,
aulas de interpretação, aulas com instrumentos típicos da atividade?
E posteriormente
se fornecer a estrutura de som, iluminação, palco, segurança, paramédicos, banheiros
químicos e outros itens para os “arraiás” locais?
Creio que assim
estaremos preservando e incentivando essa importante atividade cultural, além
de mantermos jovens e adultos longe da marginalidade, inclusive dando inicio ao
aprendizado a um oficio voltado as artes que pode ser quem sabe algo que lá na
frente se torne então uma profissão.
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