sábado, 1 de junho de 2013

Financiamento a Cultura com Inclusão Social são Possíveis?

A cultura quando tomamos para uso a definição do antropólogo Edward Tylor nos remete a conceitos dentre outros como a arte, a moral e os costumes que o homem natural adquire enquanto membro da sociedade. A cultura por sua própria essência social é variável, empírica e com o tempo, sobretudo eu arrisco em dizer no ocidente sofre mudanças ao longo da história. 

Noutro giro quando nos referimos à cultura, devemos ter em mente o diferencial entre aquela que é praticada em escala local ou regional por voluntários em períodos sazonais determinados e aquela que através da mídia e da evolução tecnológica se torna um evento de massas e profissional.

E é exatamente quando tal situação torna-se realidade nos saltam aos olhos o antagonismo dos modelos de financiamento de ambas, pois enquanto uma é custeada por seus próprios participantes ainda que com a ajuda minoritária de pequenos parceiros geralmente do comércio e não tem fins lucrativos sendo autossustentável, a outra é carecedora de financiamento em larga escala, não se mantém geralmente, sejam por grandes empresas interessadas em veicular suas marcas ou quase sempre pela “viúva”, nossos cofres públicos, além de ter fins lucrativos.

O financiamento a cultura pode ser obtido pelo canal público ou privado como aqui já mencionado. Mas eis que me vem à cabeça uma pergunta: é possível se dissociar a cultura popular das ações de inclusão e promoção social?

Façamos uso então do período que se aproxima com o mês de junho para que eu tente responder a essa pergunta (segundo a minha visão é claro). O Brasil herdou dos colonizadores europeus a celebração inicialmente pagã e depois cristianizada ainda na idade média do solstício de verão (aqui o de inverno) que deu origem então a festa de São João.

Já a quadrilha dançada com muita beleza e sincronia pelo País afora (sobretudo na região nordeste) é “neta da Inglaterra e filha da França” além de “casada” posteriormente com os passos regionais brasileiros. Curiosamente a quadrilha iniciou sua trajetória entre nós por um modismo da elite luso-brasileira do século XIX e acabou se entranhando fortemente e vem sendo mantida viva pelas camadas sociais menos favorecidas economicamente.

Voltando então a questão formulada, existe na federação um rosário de leis de incentivo a cultura, fundos governamentais a exemplo do FAC aqui do DF, fundações privadas, mecenatos etc. que destinam recursos para as atividades de cunho cultural.

A priorização, os volumes financeiros a ser destinado aos projetos escolhidos obedecem geralmente a uma equação lógica entre o total disponível em caixa, o segmento cultural, a tradicionalidade, a viabilidade econômica e principalmente o apelo popular ou público a ser alcançado.

Mas quando se trata de um evento folclórico brasileiro, uma comunidade relativamente carente deve ter membros seus remunerados profissionalmente por um financiamento público, por exemplo, ou dentro de um projeto cultural-social público-privado se deve investir durante todo o ano em: aulas de dança, aulas de música, aulas de canto, manufatura de vestuários, história do folclore brasileiro através de palestras, aulas de interpretação, aulas com instrumentos típicos da atividade? 

E posteriormente se fornecer a estrutura de som, iluminação, palco, segurança, paramédicos, banheiros químicos e outros itens para os “arraiás” locais?

Creio que assim estaremos preservando e incentivando essa importante atividade cultural, além de mantermos jovens e adultos longe da marginalidade, inclusive dando inicio ao aprendizado a um oficio voltado as artes que pode ser quem sabe algo que lá na frente se torne então uma profissão. 

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