1968/1969, 1984/1985,
1992 e agora 2013 como podemos apagar da memória nacional estes anos?
Final da década de
sessenta o Brasil é abalado pelos violentos conflitos entre estudantes e
agentes da repressão, meados da década de oitenta já com relativo e digo
relativo clima de liberdade pós-anistia (1979), mas ainda sobre efeito do
frustrado atentado do Rio Centro (1981) com uma bomba que viria a explodir no
veículo dos militares envolvidos a juventude saiu às ruas querendo eleições
diretas e depois em apoio a candidatura no Colégio Eleitoral de Tancredo Neves,
mais a frente na década de 1990 após ter sido uma das principais responsáveis
por sua eleição (a primeira direta após o período militar) a juventude de então
(inclusive este que escreve essas linhas) saiu as ruas exigindo o Impeachment
do então presidente Fernando Affonso Collor de Mello. Eram tempos
ainda de baixa tecnologia mundial e é claro principalmente nacional, estamos falando
de uma era ainda pré-analógica.
2013 uma verdadeira intifada ocidental vem ocorrendo no
país, inicialmente com a tentativa de tutela dos nossos partidos de
ultra-esquerda (já devidamente defenestrados) e sem uma base ideológica
concreta tendo como pano de fundo os aumentos das tarifas de ônibus e em
algumas cidades a exemplo de São Paulo também do metrô.
Com o passar dos dias e
para não dizer horas, um viés de maior consciência e maturidade política com a
incorporação de outros reclamos de fundo ético, social e político as dezenas de
pessoas que saíram da frente das telas dos seus computadores desse novo tempo
que vivenciamos o tempo pós-digital e se tornaram milhares, e eis que o Status Quo dominante de maneira suprapartidária teve que ceder
finalmente e em algo as vozes não mais “roucas” e sim “estridentes” e ativas
das ruas.
Abro aqui um pequeno parênteses
para comentar algo pessoal relacionado ao que vem ocorrendo e que confesso já
dormitava em minha memória vivenciei uma década em minha vida a ditadura
militar no Brasil, justamente a sua última (foram 21 anos de arbítrio), ou
seja, o período de 1975 (ano em que nasci) a 1985, no olhar confuso daquela
criança então residente na Ilha de São Luís capital do estado do Maranhão era “empolgante”
ver aqueles soldados (até pensava em ser militar) armados de capacetes,
escudos, cassetetes de madeira e algumas vezes com fuzis todos eles sentados
nos caminhões da época, de carroceria aberta e com grandes bancos.
Estranhava e ficava
triste, no entanto principalmente quando chegavam a Praça Deodoro (a mais
movimentada e politizada da capital então) e imediatamente os via descendo e
partindo em direção a estudantes como eu e estes apenas pouco mais velhos, pois
nas cercanias funcionavam ao menos quatro grandes colégios sendo dois
particulares e dois públicos para bater e prender a quem pudessem pegar. Passei
por isso, pasmem ao menos uma dúzia de vezes e nas últimas já mais inteirado do
assunto era um deles e embora em tenra idade mesmo, por já possuir quase 1,70
de altura parecia ser bem mais velho do evidentemente o era.
A lição que o movimento
sem liderança formal, mas de muitas bandeiras que nasceu provavelmente
alimentado na rede mundial de computadores através das suas redes sociais com
posts de anônimos é a de que toda geração tem o seu momento de clímax da indignação
que circula na sociedade e que são eles a juventude com a sua impulsividade
natural, com seus espíritos irrequietos, com sua sede de respostas e a coragem
da contestação que irão se levantar em nome de todos para “sacudir” o sistema!
Toda condenação aos
minoritários vândalos e bandidos infiltrados na grande rede de esperança e
civismo, a eles as penalidades da lei e aos milhares de jovens ou não que de
maneira ordeira e pacifica foram às ruas nosso reconhecimento por nos tirar da
letargia e um grande viva a democracia brasileira.
Suenilson Saulnier de
Pierrelevée Sá