quarta-feira, 19 de junho de 2013

Nós os Pré-Analógicos e Eles os Pós-Digitais


1968/1969, 1984/1985, 1992 e agora 2013 como podemos apagar da memória nacional estes anos?
Final da década de sessenta o Brasil é abalado pelos violentos conflitos entre estudantes e agentes da repressão, meados da década de oitenta já com relativo e digo relativo clima de liberdade pós-anistia (1979), mas ainda sobre efeito do frustrado atentado do Rio Centro (1981) com uma bomba que viria a explodir no veículo dos militares envolvidos a juventude saiu às ruas querendo eleições diretas e depois em apoio a candidatura no Colégio Eleitoral de Tancredo Neves, mais a frente na década de 1990 após ter sido uma das principais responsáveis por sua eleição (a primeira direta após o período militar) a juventude de então (inclusive este que escreve essas linhas) saiu as ruas exigindo o Impeachment do então presidente Fernando Affonso Collor de Mello. Eram tempos ainda de baixa tecnologia mundial e é claro principalmente nacional, estamos falando de uma era ainda pré-analógica.

2013 uma verdadeira intifada ocidental vem ocorrendo no país, inicialmente com a tentativa de tutela dos nossos partidos de ultra-esquerda (já devidamente defenestrados) e sem uma base ideológica concreta tendo como pano de fundo os aumentos das tarifas de ônibus e em algumas cidades a exemplo de São Paulo também do metrô. 

Com o passar dos dias e para não dizer horas, um viés de maior consciência e maturidade política com a incorporação de outros reclamos de fundo ético, social e político as dezenas de pessoas que saíram da frente das telas dos seus computadores desse novo tempo que vivenciamos o tempo pós-digital e se tornaram milhares, e eis que o Status Quo dominante de maneira suprapartidária teve que ceder finalmente e em algo as vozes não mais “roucas” e sim “estridentes” e ativas das ruas.

Abro aqui um pequeno parênteses para comentar algo pessoal relacionado ao que vem ocorrendo e que confesso já dormitava em minha memória vivenciei uma década em minha vida a ditadura militar no Brasil, justamente a sua última (foram 21 anos de arbítrio), ou seja, o período de 1975 (ano em que nasci) a 1985, no olhar confuso daquela criança então residente na Ilha de São Luís capital do estado do Maranhão era “empolgante” ver aqueles soldados (até pensava em ser militar) armados de capacetes, escudos, cassetetes de madeira e algumas vezes com fuzis todos eles sentados nos caminhões da época, de carroceria aberta e com grandes bancos.

Estranhava e ficava triste, no entanto principalmente quando chegavam a Praça Deodoro (a mais movimentada e politizada da capital então) e imediatamente os via descendo e partindo em direção a estudantes como eu e estes apenas pouco mais velhos, pois nas cercanias funcionavam ao menos quatro grandes colégios sendo dois particulares e dois públicos para bater e prender a quem pudessem pegar. Passei por isso, pasmem ao menos uma dúzia de vezes e nas últimas já mais inteirado do assunto era um deles e embora em tenra idade mesmo, por já possuir quase 1,70 de altura parecia ser bem mais velho do evidentemente o era.

A lição que o movimento sem liderança formal, mas de muitas bandeiras que nasceu provavelmente alimentado na rede mundial de computadores através das suas redes sociais com posts de anônimos é a de que toda geração tem o seu momento de clímax da indignação que circula na sociedade e que são eles a juventude com a sua impulsividade natural, com seus espíritos irrequietos, com sua sede de respostas e a coragem da contestação que irão se levantar em nome de todos para “sacudir” o sistema!

Toda condenação aos minoritários vândalos e bandidos infiltrados na grande rede de esperança e civismo, a eles as penalidades da lei e aos milhares de jovens ou não que de maneira ordeira e pacifica foram às ruas nosso reconhecimento por nos tirar da letargia e um grande viva a democracia brasileira.


Suenilson Saulnier de Pierrelevée Sá

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Um país conflagrado?


Protestos em oito capitais do país e cidades importantes de São Paulo e Rio de janeiro contra o aumento nas tarifas dos ônibus, protesto em Brasília liderado por um tal “Comitê Popular da Copa” contra a realização da Copa do Mundo no Brasil e o protesto também em diversos estados dos produtores rurais contra a ação da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) na demarcação de reservas indígenas e consequente desapropriação de fazendeiros lá instalados.

 Em comum todos eles guardadas as devidas proporções abusando do direito legal a liberdade de expressão ao intervirem e interditar vias de circulação de veículos agredindo assim o também constitucional direito de ir vir livremente de cidadãos não engajados nos movimentos responsáveis pelas manifestações.  

As diferenças entre os dois primeiros grupos e o terceiro, contudo é que o último não atenta contra bens de terceiros ou o patrimônio público, mas mesmo assim se ressalte não se faz de rogado na interrupção desmedida do trânsito ao bloquear estradas federais, além da matriz ideológica antagônica entre os mesmos.

 Quebra-quebras, depredações de toda sorte, obstrução de vias públicas urbanas e federais, uso de artefatos explosivos de “fabricação caseira”, enfrentamento com as autoridades policiais que inclusive estão em vários casos se excedendo e agredindo gratuitamente manifestantes e a imprensa segundo imagens exibidas na TV e na rede mundial de computadores dão ao país nesse momento uma aparência de viver uma intifada ou conflagração.

 Mais longe disso estamos assistindo pessoas de boa índole em sua grande maioria lutando por uma causa legitima por meios equivocados manipulados que estão por pseudos-esquerdistas-anarquicos (aumento de passagens).

 Ativistas que “chegaram tarde” para expor seu ponto de vista (realização da copa do mundo) por que já existe o fato consumado e estão sendo insuflados pelos mesmos pseudos-esquerdistas-anarquicos das manifestações contra os aumentos das passagens dos ônibus.

 Além do despreparo governamental (não foi o caso de Brasília) na prevenção e repressão de movimentos ilegais, pois o uso da força pelo estado é até previsto em lei, mas de forma gradual, ponderada e justificada, fora disso é abuso mesmo...

 E a eclosão ou eu diria mais uma demonstração cabal de que o contencioso agrário brasileiro é uma divida não paga até hoje em nossa história (manifestações dos produtores rurais) com o sem terra e a nação indígena.

            Conflagração com certeza ainda não, mas abusos subversivos dos patrocinadores de todas as correntes citadas e o grave autoritarismo estatal isso sim vem ocorrendo. Ou seja, nodoas abertas desnecessariamente em nossa democracia assentadas em uma histeria coletiva caduca e banida do antigo conflito esquerda X direita ou ainda pior capitalismo X socialismo.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

DF: governo assina contrato da última 'bacia' que faltava para novos ônibus

O governo do Distrito Federal comemorou nesta terça-feira a assinatura do último contrato que faltava para a exploração das linhas de ônibus que fora objeto de uma longa licitação. Hoje foi assinado o contrato para a "5ª bacia", a denominação das antigas linhas. A licitação se arrasta há mais de um ano. Nesse período, foram interpostas cerca de 160 ações judiciais e administrativas e todos os tipos de obstáculos. Agora concluída, a licitação vai mudar as características dos ônibus que circulam no DF, segundo assegura o vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), que coordenou pessoalmente o processo. Segundo ele, já no final deste mês ou no início de julho os novos ônibus já começam a circular: serão novos, climatizados e bem mais confortáveis que os atuais. Fonte: Coluna CH

Suenilson Sá:

Já o Paranoá e o Itapoã serão atendidos a partir do inicio de Julho com novos ônibus excelentemente equipados. Eles fazem parte da Bacia 02 e graças ao empenho do deputado Robério Negreiros Filho Presidente da Comissão de Transporte Público Coletivo da Câmara Legislativa e correligionário peemedebista do vice-governador foram beneficiados com o reforço na sua frota (que será nova). 

Bacia 02 

Farão parte dessa bacia Gama, Paranoá, Santa Maria, São Sebastião, Candangolândia, Lago Sul, Park Way, Jardim Botânico e Itapoã. A vencedora foi a Viação Pioneira, que já opera no DF. O contrato com o GDF foi assinado em dezembro de 2012.

sábado, 1 de junho de 2013

Financiamento a Cultura com Inclusão Social são Possíveis?

A cultura quando tomamos para uso a definição do antropólogo Edward Tylor nos remete a conceitos dentre outros como a arte, a moral e os costumes que o homem natural adquire enquanto membro da sociedade. A cultura por sua própria essência social é variável, empírica e com o tempo, sobretudo eu arrisco em dizer no ocidente sofre mudanças ao longo da história. 

Noutro giro quando nos referimos à cultura, devemos ter em mente o diferencial entre aquela que é praticada em escala local ou regional por voluntários em períodos sazonais determinados e aquela que através da mídia e da evolução tecnológica se torna um evento de massas e profissional.

E é exatamente quando tal situação torna-se realidade nos saltam aos olhos o antagonismo dos modelos de financiamento de ambas, pois enquanto uma é custeada por seus próprios participantes ainda que com a ajuda minoritária de pequenos parceiros geralmente do comércio e não tem fins lucrativos sendo autossustentável, a outra é carecedora de financiamento em larga escala, não se mantém geralmente, sejam por grandes empresas interessadas em veicular suas marcas ou quase sempre pela “viúva”, nossos cofres públicos, além de ter fins lucrativos.

O financiamento a cultura pode ser obtido pelo canal público ou privado como aqui já mencionado. Mas eis que me vem à cabeça uma pergunta: é possível se dissociar a cultura popular das ações de inclusão e promoção social?

Façamos uso então do período que se aproxima com o mês de junho para que eu tente responder a essa pergunta (segundo a minha visão é claro). O Brasil herdou dos colonizadores europeus a celebração inicialmente pagã e depois cristianizada ainda na idade média do solstício de verão (aqui o de inverno) que deu origem então a festa de São João.

Já a quadrilha dançada com muita beleza e sincronia pelo País afora (sobretudo na região nordeste) é “neta da Inglaterra e filha da França” além de “casada” posteriormente com os passos regionais brasileiros. Curiosamente a quadrilha iniciou sua trajetória entre nós por um modismo da elite luso-brasileira do século XIX e acabou se entranhando fortemente e vem sendo mantida viva pelas camadas sociais menos favorecidas economicamente.

Voltando então a questão formulada, existe na federação um rosário de leis de incentivo a cultura, fundos governamentais a exemplo do FAC aqui do DF, fundações privadas, mecenatos etc. que destinam recursos para as atividades de cunho cultural.

A priorização, os volumes financeiros a ser destinado aos projetos escolhidos obedecem geralmente a uma equação lógica entre o total disponível em caixa, o segmento cultural, a tradicionalidade, a viabilidade econômica e principalmente o apelo popular ou público a ser alcançado.

Mas quando se trata de um evento folclórico brasileiro, uma comunidade relativamente carente deve ter membros seus remunerados profissionalmente por um financiamento público, por exemplo, ou dentro de um projeto cultural-social público-privado se deve investir durante todo o ano em: aulas de dança, aulas de música, aulas de canto, manufatura de vestuários, história do folclore brasileiro através de palestras, aulas de interpretação, aulas com instrumentos típicos da atividade? 

E posteriormente se fornecer a estrutura de som, iluminação, palco, segurança, paramédicos, banheiros químicos e outros itens para os “arraiás” locais?

Creio que assim estaremos preservando e incentivando essa importante atividade cultural, além de mantermos jovens e adultos longe da marginalidade, inclusive dando inicio ao aprendizado a um oficio voltado as artes que pode ser quem sabe algo que lá na frente se torne então uma profissão.