“Por ora, a cor do
governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só
porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo
tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos
acreditaram seriamente estar vendo uma parada!” Aristides Lobo.
Ano de 2012 chegamos
então a 123 anos da República Federativa do Brasil? Somos um país que para
início de conversa foi povoado primeiramente por degredados, exterminou grande
parte e tentou tornar escravos os nativos (índios) da terra e que se jacta
através de feriado nacional da “proclamação” de uma República nascida em um
golpe de estado militar apoiado pelas elites econômicas da época, tem o que
comemorar nesse quesito?
Os defensores da forma
de governo republicano podem imediatamente enumerar uma série de vantagens na
adoção do modelo, indo desde as supostas garantias democráticas até a
modernidade que ele diz representar. Contudo o nosso foco não se baseia nessa
discussão e sim na concepção da nossa República e as consequências ao longo de
sua introdução até os dias atuais.
Nem sequer vamos tocar
no sistema de governo (presidencialismo puro) em contraposição ao
parlamentarismo que garante estabilidade política ao chefe de governo sem a necessidade
dos nefandos conchavos que drenam o erário público descaradamente.
O que nos deixa
perplexos em verdade são as láureas oferecidas à data (muito mais por ser um
dia mais de descanso do que em defesa do republicanismo) sem que venha a baila
qualquer debate ou esclarecimento histórico do que verdadeiramente ocorreu em
15 de novembro de 1889.
Um líder militar doente,
monarquista convicto, vaidoso, um
pouco ingênuo e manipulável, dedicado em verdade à pátria é bom que se diga, depôs
o Imperador e o seu governo parlamentarista constitucional após um ciclo de três
crises artificiais sendo elas a abolição da escravatura (defendida com unhas e
dentes pelos republicanos) a questão religiosa e a questão militar agindo de
boa fé foi colocado à testa do movimento militar-elitista contra sua intima
vontade vencida pela possibilidade de ser ele o novo governante e
principalmente pasmem depois de uma esdrúxula “fofoca” (boato plantado de prisão
dos líderes do movimento) e que se consolidou com outra mentira deslavada
(nomeação de um novo chefe de governo antipático a ele), nascendo assim nossa
tão decantada República.
Prometeram os novos
donos do poder um plebiscito para consultar o povo sobre a forma e sistema de
governo, que somente ocorreria 104 anos depois da tal proclamação em 1993,
depois de vivenciarmos no período golpes sucessivos de estado, fechamentos do Congresso
Nacional, ditaduras civil e militares, inúmeras decretações de estado de sítio,
torturas, banimentos e tantas outras rupturas no estado democrático de direito.
Por essas razões por
mais que a esmagadora maioria não concorde à legitimidade dessa República data
de 19 anos, antes disso experimentamos placidamente um engodo histórico e tenho
dito!
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