sábado, 17 de novembro de 2012

Cultura Urbana Fenômeno das Massas


Quando falamos em cultura logo nos vem à cabeça as manifestações e atividades voltadas para o teatro, a dança, o folclore, a música, a literatura e outras mais.

Contudo a cultura no sentido que aqui exploramos é subdividida entre erudita que se baseia nas expressões artísticas como a música clássica de padrão europeu, as artes plásticas, escultura e pintura, e a popular onde basicamente podemos destacar a produção e participação ativa do povo. 

A existência de duas variantes absolutamente distintas por si só é uma demonstração clara da indesejável presença da divisão entre classes sociais em sua mais cristalina apresentação fática.

Nesse diapasão inserida na cultura popular nasceu a cultura urbana tendo como berço os EUA, mas precisamente nos bairros de cidades pobres, logo depois da quebra da bolsa de valores de Nova York (1929) em forte contraposição espontânea ao racismo, a depressão econômica e principalmente contra a exclusão social manifestos naquele país.

Já nos anos 70 a cultura urbana fundiu-se em vários dos seus conceitos com o Movimento Hip Hop, fazendo da sua existência e fundamentos um alerta social e artístico dos excluídos e marginalizados.


Embora contemporânea quando a comparamos, por exemplo, a uma manifestação folclórica como a do Bumba meu Boi, a Cultura Urbana ou se preferirem Movimento Hip Hop tão somente, é muitíssima rica e diria das mais harmoniosas em seus eixos basilares.

Senão vejamos: ela tem o seu próprio segmento voltado à “pintura” o grafite originário do final da década de 1960 (vejam a pouca idade da reintrodução da arte), onde os jovens do Bronx (bairro nova-iorquino) resgataram essa modalidade artística, dispensando o inservível carvão usado na escrita do extinto Império Romano e lançando mão de atualizados e confortáveis tintas spray, dando uma visibilidade diferenciada, marcante e de conteúdo denso incomparáveis.

O esporte também diz presente no Movimento Hip Hop, aliás, um não pode estar dissociado do outro em especial o streetball (basquete de rua) designação própria do Brasil. O estilo de se jogar e vestir são as marcas registradas do streetball. Tendo sempre ao fundo a execução do rap, uma jinga própria recheada de grandes e estéticas improvisações, o streetball aos poucos vem conquistando o seu espaço em nossa cultura urbana.  

Escrever sobre o Movimento Hip Hop ou da Cultura Urbana ainda que de maneira não profunda sem mencionar a street dance (dança de rua), seria simplesmente ignorar a plasticidade indiscutivelmente contagiante dessa arte. O break (desdobramento gerado no funk) e a street dance hoje são tão geminados que poucos os diferenciam se não conhecerem as suas sutilezas. A street dance necessariamente não deve ser desenvolvida no asfalto. A linguagem corporal da street dance lembra muito a mímica, faz dos seus praticantes verdadeiros acrobatas e até a ginástica olímpica permeia suas apresentações, em um encontro de rara beleza entre corpo e solo.

Post Scriptum: Essa é apenas a visão que tenho sobre o assunto, ela jamais pretende ser definitiva e muito mais pode ser aprendido, acrescentado, discordado e enriquecido. 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Proclamação da República 104 anos de Farsa Histórica e 19 Anos de Legitimidade


Por ora, a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada! Aristides Lobo.

Ano de 2012 chegamos então a 123 anos da República Federativa do Brasil? Somos um país que para início de conversa foi povoado primeiramente por degredados, exterminou grande parte e tentou tornar escravos os nativos (índios) da terra e que se jacta através de feriado nacional da “proclamação” de uma República nascida em um golpe de estado militar apoiado pelas elites econômicas da época, tem o que comemorar nesse quesito?

Os defensores da forma de governo republicano podem imediatamente enumerar uma série de vantagens na adoção do modelo, indo desde as supostas garantias democráticas até a modernidade que ele diz representar. Contudo o nosso foco não se baseia nessa discussão e sim na concepção da nossa República e as consequências ao longo de sua introdução até os dias atuais.

Nem sequer vamos tocar no sistema de governo (presidencialismo puro) em contraposição ao parlamentarismo que garante estabilidade política ao chefe de governo sem a necessidade dos nefandos conchavos que drenam o erário público descaradamente.   

O que nos deixa perplexos em verdade são as láureas oferecidas à data (muito mais por ser um dia mais de descanso do que em defesa do republicanismo) sem que venha a baila qualquer debate ou esclarecimento histórico do que verdadeiramente ocorreu em 15 de novembro de 1889.

Um líder militar doente, monarquista convicto, vaidoso, um pouco ingênuo e manipulável, dedicado em verdade à pátria é bom que se diga, depôs o Imperador e o seu governo parlamentarista constitucional após um ciclo de três crises artificiais sendo elas a abolição da escravatura (defendida com unhas e dentes pelos republicanos) a questão religiosa e a questão militar agindo de boa fé foi colocado à testa do movimento militar-elitista contra sua intima vontade vencida pela possibilidade de ser ele o novo governante e principalmente pasmem depois de uma esdrúxula “fofoca” (boato plantado de prisão dos líderes do movimento) e que se consolidou com outra mentira deslavada (nomeação de um novo chefe de governo antipático a ele), nascendo assim nossa tão decantada República.

Prometeram os novos donos do poder um plebiscito para consultar o povo sobre a forma e sistema de governo, que somente ocorreria 104 anos depois da tal proclamação em 1993, depois de vivenciarmos no período golpes sucessivos de estado, fechamentos do Congresso Nacional, ditaduras civil e militares, inúmeras decretações de estado de sítio, torturas, banimentos e tantas outras rupturas no estado democrático de direito.

Por essas razões por mais que a esmagadora maioria não concorde à legitimidade dessa República data de 19 anos, antes disso experimentamos placidamente um engodo histórico e tenho dito!