domingo, 24 de março de 2013

CDHM, Marco Feliciano e o Cerne Real do Imbróglio.

deputado federal Marcos Feliciano (PSC-SP)
Tem tido grande apelo popular e até curiosidade a trajetória da escolha do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) como novo presidente da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal.

Atos midiáticos de colegas seus parlamentares e de ativistas dos direitos humanos vêm ocorrendo no plenário da aludida comissão permanente, assim como nas redes sociais multiplicam-se declarações raivosas e indignadas que vão de anônimos a artistas consagrados inclusive de alguns fora da mídia há algum tempo...

Esse “grita geral” que muitos oportunistas agora insistem em transformar em “guerra santa” colocou em evidencia uma expressão curiosa e perigosa a da tal “ditadura gay” cunhada para definir maldosamente os que se empenham no reconhecimento dos direitos civis dos homo-afetivos.

O episódio em si colocou ou na verdade realçou o radicalismo e as trincheiras opostas dos que defendem o reconhecimento dos direitos civis dos homo-afetivos, afrodescendentes, mulheres etc. e os que se ancoram no puritanismo religioso de parcela significativa da população (o que lembra e muito certos países do oriente médio) e desprezam na sua atuação parlamentar a laicidade brasileira nas decisões que gerem um diploma legal.

Noutro giro também não pode ser desconsiderado o inviolável direito a opinião a que todos nós temos com amparo constitucional e o senhor Marcos Feliciano tem garantias das suas vontades de não votar, defender e o de ser contra incisivamente a união civil homo-afetiva por exemplo, mas existe uma fenda profunda entre liberdade de expressão e a discriminação como podemos constatar em suas palavras postadas no twitter: "A podridão dos sentimentos dos homo-afetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição".

Ele também não é obrigado jamais em tempo algum a se casar com uma afrodescendente isso é da sua livre escolha e pt saudações, mas é uma enorme diferença quando posta uma afirmação como essa: "Africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é a polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss". Isso é preconceito puro e simples, queiram ou não seus defensores e sim eles existem e viva a democracia que os garante e a todos nós.

As opiniões esdrúxulas de Feliciano não se resumem apenas aos afrodescendentes e homo-afetivos [os quais ele parece ter especial interesse e serem a sua maior bandeira, a ponto de misturar direitos a igualdade entre homens e mulheres com homossexualismo], leiam a seguir o que ele diz na página 155 do livro “Religiões e política; uma análise da atuação dos parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e LGBTS no Brasil”: Quando você estimula uma mulher a ter os mesmos direitos do homem, ela querendo trabalhar, a sua parcela como mãe começa a ficar anulada, e, para que ela não seja mãe, só há uma maneira que se conhece: ou ela não se casa, ou mantém um casamento, um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo, e que vão gozar dos prazeres de uma união e não vão ter filhos. Eu vejo de uma maneira sutil atingir a família; quando você estimula as pessoas a liberarem os seus instintos e conviverem com pessoas do mesmo sexo, você destrói a família, cria-se uma sociedade onde só tem homossexuais, você vê que essa sociedade tende a desaparecer porque ela não gera filhos”. É risível, porém é o pensamento do senhor Feliciano lastreado na sua nazi-religiosidade.

A questão central falta dizer e isso se deve também a intolerância dos grupos que defendem justos direitos de maneira obliqua, não são as opiniões do senhor Feliciano que como já deixei claro são livres constitucionalmente, mas a forma grotesca e insidiosa como são colocadas e assim sendo beiram a atos criminosos [o STF irá julgar se são ou não] e a parcialidade radical que apresenta um presidente da comissão que visa discutir e votar propostas legislativas relativas à sua área temática; fiscalizar e acompanhar a execução de programas governamentais do setor além de cuidar dos assuntos referentes às minorias étnicas e sociais ter  as devidas condições morais de se manter a frente dos trabalhos.

Em suma quero dizer que poderíamos ter um presidente da CDHM que fosse contra a união civil de homo-afetivos, conservador ou porque não dizer retrogrado sobre a posição social das mulheres e até não simpatizante da cultura negra (observem bem, me refiro à cultura não as pessoas afrodescendentes), mas que fosse equilibrado, imparcial, respeitável em suas manifestações públicas e privadas, e não se utilizasse do cargo como palanque eletrônico para a massa de radicais que não se dispõe a debater a luz dos direitos civis os anseios de irmãos seus brasileiros e brasileiras, que só almejam a felicidade sem que isso se constitua na destruição da base familiar ou social existentes, por essas razões digo não ao senhor Marcos Feliciano na presidência da CDHM. 

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