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deputado federal Marcos Feliciano (PSC-SP) |
Atos midiáticos de
colegas seus parlamentares e de ativistas dos direitos humanos vêm ocorrendo no
plenário da aludida comissão permanente, assim como nas redes sociais multiplicam-se
declarações raivosas e indignadas que vão de anônimos a artistas consagrados inclusive
de alguns fora da mídia há algum tempo...
Esse “grita geral” que
muitos oportunistas agora insistem em transformar em “guerra santa” colocou em evidencia
uma expressão curiosa e perigosa a da tal “ditadura gay” cunhada para definir
maldosamente os que se empenham no reconhecimento dos direitos civis dos homo-afetivos.
O episódio em si
colocou ou na verdade realçou o radicalismo e as trincheiras opostas dos que
defendem o reconhecimento dos direitos civis dos homo-afetivos, afrodescendentes, mulheres etc. e os que se ancoram no puritanismo religioso de
parcela significativa da população (o que lembra e muito certos países do
oriente médio) e desprezam na sua atuação parlamentar a laicidade brasileira
nas decisões que gerem um diploma legal.
Noutro giro também não
pode ser desconsiderado o inviolável direito a opinião a que todos nós temos com
amparo constitucional e o senhor Marcos Feliciano tem garantias das suas vontades
de não votar, defender e o de ser contra incisivamente a união civil homo-afetiva por exemplo, mas existe uma fenda profunda entre liberdade de
expressão e a discriminação como podemos constatar em suas palavras postadas no twitter: "A podridão
dos sentimentos dos homo-afetivos levam ao ódio, ao crime, à rejeição".
Ele
também não é obrigado jamais em tempo algum a se casar com uma afrodescendente isso é
da sua livre escolha e pt saudações, mas é uma enorme diferença quando posta
uma afirmação como essa: "Africanos
descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato. O motivo da maldição é
a polêmica. Não sejam irresponsáveis twitters rsss". Isso é
preconceito puro e simples, queiram ou não seus defensores e sim eles existem e
viva a democracia que os garante e a todos nós.
As
opiniões esdrúxulas de Feliciano não se resumem apenas aos afrodescendentes e homo-afetivos [os quais ele parece ter especial interesse e serem a sua maior
bandeira, a ponto de misturar direitos a igualdade entre homens e mulheres com homossexualismo],
leiam a seguir o que ele diz na página 155 do livro “Religiões e política; uma
análise da atuação dos parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e
LGBTS no Brasil”: “Quando
você estimula uma mulher a ter os mesmos direitos do homem, ela querendo
trabalhar, a sua parcela como mãe começa a ficar anulada, e, para que ela não seja mãe, só há uma
maneira que se conhece: ou ela não se casa, ou mantém um casamento, um relacionamento
com uma pessoa do mesmo sexo, e que vão gozar dos prazeres de uma união e não
vão ter filhos. Eu vejo de uma maneira sutil atingir a família; quando você
estimula as pessoas a liberarem os seus instintos e conviverem com pessoas do
mesmo sexo, você destrói a família, cria-se uma sociedade onde só tem
homossexuais, você vê que essa sociedade tende a desaparecer porque ela não
gera filhos”. É risível, porém é o pensamento do senhor Feliciano lastreado
na sua nazi-religiosidade.
A
questão central falta dizer e isso se deve também a intolerância dos grupos que
defendem justos direitos de maneira obliqua, não são as opiniões do senhor
Feliciano que como já deixei claro são livres constitucionalmente, mas a forma grotesca
e insidiosa como são colocadas e assim sendo beiram a atos criminosos [o STF
irá julgar se são ou não] e a parcialidade radical que apresenta um presidente da
comissão que visa discutir e votar propostas legislativas relativas à sua área
temática; fiscalizar e acompanhar a execução de programas governamentais do
setor além de cuidar dos assuntos referentes às minorias étnicas e sociais ter as devidas condições morais de
se manter a frente dos trabalhos.
Em
suma quero dizer que poderíamos ter um presidente da CDHM que fosse contra a
união civil de homo-afetivos, conservador ou porque não dizer retrogrado sobre a
posição social das mulheres e até não simpatizante da cultura negra (observem
bem, me refiro à cultura não as pessoas afrodescendentes), mas que fosse equilibrado,
imparcial, respeitável em suas manifestações públicas e privadas, e não se
utilizasse do cargo como palanque eletrônico para a massa de radicais que não
se dispõe a debater a luz dos direitos civis os anseios de irmãos seus
brasileiros e brasileiras, que só almejam a felicidade sem que isso se
constitua na destruição da base familiar ou social existentes, por essas razões
digo não ao senhor Marcos Feliciano na presidência da CDHM.